CANDEIA
Acho que realmente nasci na época e lugar errado. Além de todos meus sambistas preferidos serem do Rio de Janeiro, a maioria deles já não está mais entre nós. É o caso de Antônio Candeia Filho, ou simplesmente Candeia.
Filho de sambista, cresceu cantando e versando com seus amigos em Oswaldo Cruz, bairro onde nasceu e foi criado. Com o tempo, aprendeu violão e cavaquinho, começou a jogar capoeira e a freqüentar terreiros de candomblé. Estava se forjando ali o líder que mais tarde seria um dos maiores defensores da cultura afro-brasileira. Arte negra era com ele mesmo.
Compôs em 1953 seu primeiro enredo, Seis Datas Magnas, com Altair Prego: foi quando a Portela realizou a façanha inédita de obter nota máxima em todos os quesitos do desfile (total 400 pontos).
Em 1960, Candeia decide entrar para a polícia. Tinha fama de durão e suas atitudes começaram a causar ressentimentos entre seus antigos companheiros. Provavelmente, não imaginava que começava a se abrir caminho para a tragédia que mudaria sua vida. Dizem que, ao esbofetear uma prostituta, ela rogou-lhe uma praga; na noite seguinte, ao sair atirando do carro num acidente de trânsito, levou um tiro na espinha que paralisou para sempre suas pernas.
Sua vida e sua obra se transformaram completamente. Em seus sambas, podemos ouvir seu doloroso e sereno diálogo com a deficiência e com a morte pressentida: Pintura sem Arte, Peso dos Anos, Anjo Moreno e Eterna Paz são só alguns exemplos. Recolheu-se em sua casa; não recebia praticamente ninguém. Foi um custo para os amigos como Martinho da Vila e Bibi Ferreira trazê-lo de volta. De qualquer maneira, meu amor, eu canto, diria ele depois num dos versos que marcaram seu reencontro com a vida.
A vida voltou a fazer sentido e o samba voltou a fluir com alegria. Candeia comandava tudo de seu trono de rei, a cadeira que nunca mais abandonaria.
No curto reinado que lhe restava, dono de uma personalidade rica e forte, Candeia foi líder carismático, afinado com as amarguras e aspirações de seu povo. Fiel à sua vocação de sambista, cantou sua luta em músicas como Dia de Graça e Minha Gente do Morro. Coerente com seus ideais, em dezembro de 75 fundou a Escola de Samba Quilombo, que deveria carregar a bandeira do samba autêntico. O documento que delineava os objetivos de sua nova escola dizia: Escola de Samba é povo na sua manifestação mais autêntica! Quando o samba se submete a influências externas, a escola de samba deixa de representar a cultura de nosso povo.
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LUIZ CARLOS DA VILA
Chapinha que já teve a felicidade de participar de inúmeras rodas com Luiz Carlos, rasgou elogios sobre o compositor e acreditem, o comparou até com Cartola!
A partir desse dia, resolvi me aprofundar mais sobre as raízes de Luiz Carlos e vi que meu amigo Chapinha tinha toda razão: A sofisticação e elegância do seu estilo músical era muito refinado.
O simples nome artístico “da Vila” foi adotado em 1977 após sua entrada para a ala de compositores da escola de Samba Unidos de Vila Isabel, já que morava na Vila da Penha, subúrbio carioca. Era sempre visto nos pagodes do bloco Cacique de Ramos, lugar que tocava e apresentava seus Sambas desde 1978. Sua primeira música gravada foi “Graças ao Mundo”, interpretada pelo conjunto Nosso Samba, ainda na década de 70.
Gravou e aprendeu muito com Antônio Candeia e, que de tamanha admiração rendeu um CD em 1998 “A Luz do Vencedor” dedicado exclusivamente à obra do compositor da Portela.
Da Vila foi um sambista que em suas músicas, encarnou o verdadeiro espírito das vilas e bairros do subúrbio carioca: músicas alegres, espirituosas, sem esquecer o lado racional e até mesmo crítico social e político.
O poeta nos deixou no dia 21 de outubro de 2008, após 59 dias internado no hospital do Andaraí.
Morre o Poeta, mas não a poesia…
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KID MORANGUEIRA
É claro que ele não ficaria de fora. Um dos mais ilustres e irreverentes sambistas de todos os tempos, exibe boa forma aos 70 anos neste documentário. De terno de linho branco e chapéu panamá, aparece no curta interpretando seus antigos sucessos em locais-cenários frequentados pela antiga malandragem.
Com uma vida longa e bem aproveitada, a última entrevista de Antônio Moreira da Silva, o Kid Morengueira, foi concedida à revista Música Brasileira, em maio de 2000, na casa do artista, bairro do Catumbi, Rio de Janeiro. No ato da entrevista, era o mais antigo cantor em atividade no mundo! Acompanhe a entrevista AQUI!
.Diretor: Ivan Cardoso
Ano: 1973
Ficha Técnica
Produção Ivan E. S. Cardoso e Carlos Cardoso
Fotografia Renato Laclete
Roteiro Ivan Cardoso
Som Direto Júlio Romiti
Montagem Amaury Alves
Música Antônio Moreira da Silva, Billy Blanco,
Geraldo Pereira, Lupicínio Rodrigues e Wilson Batista
Letreiros Amarilio Gastal
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BEZERRA DA SILVA
Malandro é malandro e mané é mané”.
Esse é um dos refrões mais famosos do ícone da malandragem do samba brasileiro. O partideiro indigesto Bezerra da Silva, desde que chegou ao Rio de Janeiro e se instalou nas favelas cariocas, sempre foi um fiel defensor de seu povo.
Sempre que estou em uma roda de amigos e falamos sobre o Bezerra, é impressionante como é unânime a opinião da galera sobre sua personalidade. Corajoso como poucos, sempre utilizou metáforas e trocadilhos em suas letras para descrever situações cotidianas das favelas e da “vida bandida”, surgindo então o famoso “sambandido”.
O link abaixo, trás um mini-documentário produzido no início do ano de 2001, mostrando a relação de Bezerra da Silva com seus amigos compositores, anônimos garimpados por ele “onde a coruja dorme”, nos morros cariocas e na baixada fluminense. Daí surgem sambas feitos por trabalhadores, crônicas cáusticas mas bem-humoradas de gente simples que mora na favela e conta seu dia-a-dia nas músicas.
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CARTOLA
Se Cartola estivesse vivo, teria 100 anos e completaria 101 no dia 11 de outubro.
Juro que daria um dedo para ouvir do próprio Cartola alguma canção tirada de seu violão ou alguma história do samba e da boêmia vivida por ele. De todos os sambistas do passado e do presente, Cartola, na minha opinião é o que mais mostrou ter o samba no coração.
Decidi nesse post, não fazer um texto gigante para falar quem foi Angenor de Oliveira. O cara era tão grande que achei desenecessário postar um resumo de sua história para entender que ele foi um dos maiores gênios da música, mesmo que a maioria das pessoas não conheçam sua obra e muito menos saibam quem ele seja (que absurdo!).
Nesse download, o documentário Música para os olhos, traz em resumo a trajetória simples de vida do cara responsável por um marco no universo do samba e da música popular brasileira. Homenagens nunca serão suficientes para expressar Cartola, que em seus 72 anos vividos mostrou ao Brasil e ao mundo, genialidades de um verdadeiro poeta, mesmo estudando apenas até a 4ª série.
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NELSON SARGENTO
Documentário
De Estevão Ciavatta Pantoja - 1997 - 22 min
Com Carlos Cachaça, Nelson Sargento, Paulinho da Viola
Raríssimo documentário com o mestre Nelson Sargento, passeando pelo morro de Mangueira contando curiosidades do samba. Conta com a participação de diversos sambistas da velha guarda, inclusive com Carlos Cachaça aos 94 anos de idade. Nelson canta diversos de seus sambas, inclusive numa roda animadíssima com Luís Carlos da Vila.
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E viva a boêmia! Foi assim que o quase médico Noel Rosa viveu seus 26 anos, com seu cigarro entre os dedos, frequentando botequins, cabarés e compondo seus imortais sambas que até hoje estão presentes em nossas vidas.
O filme revive a história da vida do grande e incomparável poeta Noel Rosa, representado por Rafael Raposo, brilhante ator que leva à tela, com perfeição o poeta da Vila que ecoa em nosso imaginário.
Camila Pitanga, que lindamente dá ares à CECI - grande amor de Noel - que junto à ele também contrai Tuberculose e vive momentos de ternura e amargura, característicos de amores densos.
Infelizmente, Noel só conseguiu a projeção merecida muito tempo depois de sua morte e graças principalmente a interpretes da música popular como Aracy de Almeida, alias pouco explorada a amizade e o carinho da cantora pelo poeta no filme, embora a atriz para o papel Carolina Bezerra seja excelente.
Fica ao termino de assistir o filme uma vontade louca de mergulhar mais e mais na curta história de vida deste que sem duvida é um dos maiores brasileiros de todos os tempos.
E viva a boêmia! Foi assim que o quase médico Noel Rosa viveu seus 26 anos, com seu cigarro entre os dedos, frequentando botequins, cabarés e compondo seus imortais sambas que até hoje estão presentes em nossas vidas.
O filme revive a história da vida do grande e incomparável poeta Noel Rosa, representado por Rafael Raposo, brilhante ator que leva à tela, com perfeição o poeta da Vila que ecoa em nosso imaginário.
Camila Pitanga, que lindamente dá ares à CECI - grande amor de Noel - que junto à ele também contrai Tuberculose e vive momentos de ternura e amargura, característicos de amores densos.
Infelizmente, Noel só conseguiu a projeção merecida muito tempo depois de sua morte e graças principalmente a interpretes da música popular como Aracy de Almeida, alias pouco explorada a amizade e o carinho da cantora pelo poeta no filme, embora a atriz para o papel Carolina Bezerra seja excelente.
Fica ao termino de assistir o filme uma vontade louca de mergulhar mais e mais na curta história de vida deste que sem duvida é um dos maiores brasileiros de todos os tempos.